São Paulo, 1701. Tereza foi criada para ser uma dama e afastar de si qualquer desconfiança que a Igreja pudesse ter sobre suas origens pagãs. Mas todo o cuidado com sua segurança está em risco quando ela se envolve com Miguel Seixas, o sobrinho da mulher que denunciou sua mãe à inquisição.
1918, Adelaide vive numa casa de recolhimento, onde foi colocada pelo pai. A chegada de um jovem padre vai mudar sua vida que, até então, era controlada pelas freiras, e fazê-la descobrir o difícil caminho a ser enfrentado por uma Filha de Dana.
ACABADO O ANO NOVO, VOLTAMOS À PROGRAMAÇÃO NORMAL XD
Perdão a demora, mas sabe como é, bagunça de final de ano e correria com o off acaba por impedir um pouco o desenrolar das coisas. Mas aqui estamos nós com Beltane!
Para deixar bem claro: Não sou especialista em crítica literária, simplesmente estou aqui dando minha opinião sobre a história então estamos conversados!
SPOILER ALERT SPOILER ALERT SPOILER ALERT SPOILER ALERT SPOILER ALERT
Este livro conta a história da filha da Daniele, Tereza e como foi seu desenvolvimento como uma Filha de Dana. Uma coisa que observei, mas que pode não ser tão novidade assim é que conforme passam as gerações, algumas enfrentam maiores perrengues do que outras.
Vejamos: Gleide com a criação rígida que teve pra ser líder, o ritmo da história da Adele meio que serviu como contraponto, embora o sequestro dela tambem fosse um baita de um perrengue (Nunca esquecemos o que você fez, Douglas). Mas depois passamos para Daniele que precisou fugir de um casamento forçado + tentar lidar com um namorado imaturo + jornada além-mar + morte de um dos filhos e prometer a filha pra um casamento arranjado.
Aí vem a história da Tereza, que comparada com a história da mãe é um pouco mais calma em ritmo de acontecimentos. Os personagens mais marcantes dessa parte da história são, além da própria Tereza e o pai, Antônio: Olímpia, Amâncio, Henrique, Guilherme, Deolinda, Iaiá, Miguel, Maria das Dores, Catarina e Lara.
Certo, Tereza foi criada com todos os benefícios e malefícios de uma nobre. Controlada pela Ama Deolinda (que mulher chaaaaata, meos deeeeeeoses), mas muito amada pelos avôs Olímpia e Amâncio e o tio, Guilherme. A história dela se enlaça com a de Miguel (sobrinho de Maria das Dores, a criatura que denunciou Dani à inquisição no livro passado), quando uma bezerrinha dá um “olé” nele e escapa dos peões, foi aí que eles se conheceram e não se esqueceram desde então.
Miguel não era lá muito mais velho do que ela, mas diante de tantas qualidades na menina, ficou meio que difícil esquecê-la, como acontece sempre com todas as nossas queridas protagonistas ❤ Ele consegue pegar o animal, e quando interagem ele a deixa dar um nome para a bezerrinha, que acabou por se chamar Finola. Tereza se lembrava um pouco ainda da mãe, e foi por meio das vagas memórias de ouvi-la cantar que escolheu o nome.
Tudo bem, a menina foi crescendo e um dia o Antônio resolve visitá-la e levá-la com ele. Mas sabe do risco de ela negar, afinal a avó está muito doente e quase morrendo, dando sempre mais uma carga pesada pra influenciar a decisão dela de ficar. Ele fica lá por uns tempos, mas no fim, a Tereza acaba escolhendo ficar porque foi o que seu coração mandou. Ela tem sonhos também, então não será raro encontrar passagens dela sonhando com as antepassadas e sendo orientada por elas.
Enquanto tudo isso rola, Miguel vai crescendo também, com a consciência de que a “madrasta-tia” Das Dores foi responsável pela morte da família dela. Essa aura afeta também Catarina e Lara, as irmãs dele. Lá pelo meio da história, Lara dá um jeito de sumir da casa porque não aguenta mais aquela opressão toda e se manda para Goiás também com Antônio. A sugestão de Anajé que o acompanhara é casá-la com Angus, então já sabemos qual será o final dela ❤ Entretanto essa fuga afetou bastante a família, o pai deles encheu a cara até morrer (como se ele já não bebesse muito por causa da morte da esposa), e Catarina acabou servindo de alvo pras chatices da chata da madrasta.
Vemos a história da Catarina, outra irmã do Miguel, cujo futuro eu comecei a desconfiar assim que a vi olhando demais pro Guilherme no livro passado. Ela estava junto da Das Dores no livro passado, e ficara fascinada pelo relacionamento da Dani com o Antônio, e deveras encantada pelo Guilherme também. Muito afetada pela morte do pai, ela passa o tempo sempre na casa das memórias, onde costumava a ficar bastante com o pai, e começou a ir pra lá mais ainda depois que ele morreu já que a Das Dores era um pé no saco.
O caô começa porque o Guilherme acabou precisando passar na fazenda deles um dia e se deparou com a Catarina ali. Enfim, como a casa das memórias é um ótimo lugar pra você sofrer e chorar suas mágoas (alô dor de cotovelo!), acabou que o Guilherme desabafou a sofrência que passa por causa dos sentimentos por Daniele, Catarina meio que vai se deixando levar pelos sentimentos dela pelo cara, no fim os dois acabaram se pegando. Ela não se arrepende do que fez, ele sabe que é um zé ninguém e no que a consciência pesou, se mandou dali.
Antônio aceitou a decisão da filha, mas em troca disse que deviam desfazer o casamento de Henrique e Tereza. Olímpia já estava tão nas últimas e (*cof* fez tanta chatagem emocional pra ele não levar a menina *cof*) que sentiu que no mínimo devia isso a ele, afinal ele realizara o último desejo dela, de ficar com a Tereza. Desfizeram o compromisso. Detalhe, mais ou menos por essa parte, ela já havia começado a dar sinais de ter uma quedinha pelo Miguel e vice-versa, então já sabe. Ela ganhou também uma semente de presente do Anajé, a árvore vai ser bem importante dali pra frente.
O problema foi que a praga do Henrique voltou do Rio de Janeiro onde havia ido estudar, e sabe como é. Viu a Tereza totalmente diferente agora que estava crescida, começou a cobiçá-la e se engraçar pra cima dela, super revoltadinho porque desfizeram o casamento sem ele saber, blá blá blá whiskas sachê. Mas não foi como se Tereza quisesse reatar o compromisso, muito menos Amâncio, e Guilherme não estava a fim de autorizar o mimado a se engraçar pra cima da sobrinha.
Anyway, história vai e vem e lá pelas tantas, Miguel encontra a Tereza muito triste por conta do estado da vó e pra animá-la foi levá-la até Finola. Foi por aí que perceberam de vez os sentimentos e lá pra frente, Miguel decide pedir permissão para cortejar Tereza. Mas o destino é tão traiçoeiro que bem no dia, a Olímpia falece e o Henrique joga excremento no ventilador dedurando a história da família da Tereza e da morte deles, sem contar o envolvimento dos Seixas, família do Miguel.
Mas de qualquer forma, assim que a primeira oportunidade surge depois do funeral, luto e coisas do tipo, Miguel tem a permissão de Guilherme para cortejar Tereza e com a ajuda da serva dela, Iaiá, eles acabam conversando, colocando os pingos nos I’s e coisa do tipo. Guilherme também conversa com ela pra contar a verdade sobre o que aconteceu com a família dela e tal. Foi um momento até triste quando começou a contar e chegou na parte dele da história, super consciente da merda que provocou.
A Deolinda é outra insuportável. Determinada a casá-la com Henrique e cumprir a promessa que fizera a Olímpia de acabar de vez com as raízes pagãs da Tereza e torná-la uma mulher exemplar, apela até pra drogas. Altas vezes ela usa láudano pra torná-la mansa, passiva, enfim, controlar o humor da menina que desde criança era muito viva e inquieta.
Outra situação complicada é que o Amâncio quer voltar pra Portugal e levar o traste do filho dele junto, porque não quer sofrer por algo que Tereza sofra nas mãos do moleque, mas acabou que isso veio meio tarde demais.
Felizmente temos Iaiá para acudí-la, que é uma serva negra muito amiga da Tereza. Ela sacou que tinha algo errado e até avisou o Miguel mais pra frente quando a situação piorou, mas teve seu caminho interrompido na volta quando deu de cara com o Henrique e sob ameaça, acaba tendo de se deitar com ele. A situação se desenvolveu de tal forma que mais uma vez Deolinda conseguiu drogá-la ao botar láudano na bebida da menina e acabou que ela, mesmo meio grogue, acabou por reunir forças com a grande mãe e desobedecer a Ama. Se não me engano, foi perto dessa cena que ela teve um sonho/visão sobre a Bashiri batizando-a, alertando-a de forma metafórica sobre o veneno.
E como o caminho de uma filha de Dana não é fácil, ainda sob efeito do láudano, quase que Tereza é a próxima vítima de Henrique, felizmente graças a Iaiá (ADORO ESSA MULER, VEMK SUA DIVA!) ele foi impedido de levar as coisas até o fim recebendo uma pancada na cabeça. Sem contar o Guilherme que quando sacou o que aconteceu, desceu o sarrafo nele e se a mão estivesse doendo ou não tivesse respeito por Amâncio, teria acabado com a vida desse traste. Teria nos feito um favor, Gui ;-;
No fim tudo se resolve, Amâncio se manda com Henrique pra Portugal (Tereza com sua personalidade tão doce não quis que eles sujassem as mãos e a alma pelo que o moleque fizera. Miguel é tão amorzinho que antes de tentar fazer qualquer coisa contra o cara, perguntou pra Tereza o que devia fazer, enfim, acabou que ele fez nada. Merecia ter apanhado mais, independente do background da história dele, só acho) Miguel e Tereza se casam, Guilherme e Catarina se casam também, recebem visita do Angus e da Lara, tá todo mundo grávida rs. Libertaram os escravos também, Iaiá e o filho (que é meio-irmão do Miguel) se mudaram junto com a Tereza e a negra é sua dama de companhia ❤
Miguel manda Das Dores embora porque ela já tava enchendo o saco e já havia passado da hora de ela sair dali, com o apoio da irmã. Deolinda se matou depois que Henrique, antes de tentar tomar Tereza, jogou na cara daquela chata que a viu se agarrando com um escravo.
Só tive a impressão de que o relacionamento da Catarina e do Guilherme foi meio rápido demais, mas vou reler, talvez na adrenalina do que tava rolando eu não tenha pegado direito a sutileza dos momentos deles.
A parte final do livro conta a história de Adelaide. O pai a jogou numa Casa de Recolhimento porque dois irmãos tretaram por causa dela e um acabou morrendo. No fim, acusaram-na de bruxa e jogaram ela lá, desde então vivem drogando a menina com láudano também. Ela vivia dizendo que a árvore (aquela lá que a Tereza recebeu a semente) conversava com ela, que a Virgem conversava com ela e coisas do tipo. Inclusive uma dessas vezes lhe foi dito que um homem lhe salvaria a alma, e lhe entregaria a dele.
Tcharam, pois é! Um padre (que antes lutou na guerra, por isso tem um problema na perna), Giovanni, foi enviado pra lá pra exercer funções relacionadas, mas os dois acabaram se apaixonando.
Entre freiras rígidas e irritantes de tão chatas e algumas muito legais (DIVINA, TE AMO <3), o padre tenta tirá-la de lá, mas não consegue, a burocracia da Igreja é um baita dum obstáculo. No fim, de tanto se encontrarem escondidos, Adelaide acabou engravidando, prendem-na até ter a criança (de novo, de parto prematuro). Felizmente, conseguem salvar a criança do seu destino na roda dos desvalidos, mas Adelaide morre no parto, foi muito bonita essa cena, por sinal ;-;
No fim, a filha dela, Terezinha, foi criada pela irmã Ana Maria. Ela não conseguia ter filhos, mas diante do sacrifício da Adelaide, ela pôde realizar o sonho de ser mãe. Ela e o marido criam a menina, junto ao Giovanni.
Juro que quando cheguei no final, fiquei meio boba. Quando virei a página “ué, acabou?” AUEHAUEHAEUH Queria que tivesse durado mais, uma história muito bonita, e no final nas notas da autora você vê a relação que ela faz de cada personagem com um momento histórico, situação enfrentada pelas mulheres, foi mesmo muito lindo.
A relação entre os personagens e o modo como foi construído aquele laço de companheirismo entre os considerados pagãos (núcleo principal-negros-índios) foi uma das melhores coisas que notei, reforçando inclusive, uma opinião que tenho de que nem sempre o protagonista é o que faz o livro, nesse saga, tudo funcionou de tal forma que nenhum núcleo se sobressaiu ao outro e foi simplesmente muito legal de ler ❤
Algumas coisas ali conseguiram escapar da revisão, mas foram pouquíssimas e não afeta na leitura, a história foi simplesmente linda ❤ Mas devo dizer que fiquei tentada a escrever um microconto de presente pra Simone de cada uma das gerações que foram puladas até chegar na Adelaide, acho que foram umas cinco. Mas né, acho melhor não porque pode ser que não faça jus ao que li UHEUEAHAEHUUHAE
Enfim, essa foi a minha opinião sobre a história. O próximo livro que lerei também seguirá essa linha: Dois mundos: Tesouros da Tribo de Dana #1, também da Simone. É mais ou menos da mesma espessura de Samhain, então creio que estarei de volta em breve.
És parte da terra, do fogo, das águas e das matas…