SAGA AS FILHAS DE DANA #3 BELTANE

São Paulo, 1701. Tereza foi criada para ser uma dama e afastar de si qualquer desconfiança que a Igreja pudesse ter sobre suas origens pagãs. Mas todo o cuidado com sua segurança está em risco quando ela se envolve com Miguel Seixas, o sobrinho da mulher que denunciou sua mãe à inquisição.

1918, Adelaide vive numa casa de recolhimento, onde foi colocada pelo pai. A chegada de um jovem padre vai mudar sua vida que, até então, era controlada pelas freiras, e fazê-la descobrir o difícil caminho a ser enfrentado por uma Filha de Dana.

ACABADO O ANO NOVO, VOLTAMOS À PROGRAMAÇÃO NORMAL XD

Perdão a demora, mas sabe como é, bagunça de final de ano e correria com o off acaba por impedir um pouco o desenrolar das coisas. Mas aqui estamos nós com Beltane!

Para deixar bem claro: Não sou especialista em crítica literária, simplesmente estou aqui dando minha opinião sobre a história então estamos conversados!

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Este livro conta a história da filha da Daniele, Tereza e como foi seu desenvolvimento como uma Filha de Dana. Uma coisa que observei, mas que pode não ser tão novidade assim é que conforme passam as gerações, algumas enfrentam maiores perrengues do que outras.

Vejamos: Gleide com a criação rígida que teve pra ser líder, o ritmo da história da Adele meio que serviu como contraponto, embora o sequestro dela tambem fosse um baita de um perrengue (Nunca esquecemos o que você fez, Douglas). Mas depois passamos para Daniele que precisou fugir de um casamento forçado + tentar lidar com um namorado imaturo + jornada além-mar + morte de um dos filhos e prometer a filha pra um casamento arranjado.

Aí vem a história da Tereza, que comparada com a história da mãe é um pouco mais calma em ritmo de acontecimentos. Os personagens mais marcantes dessa parte da história são, além da própria Tereza e o pai, Antônio: Olímpia, Amâncio, Henrique, Guilherme, Deolinda, Iaiá, Miguel, Maria das Dores, Catarina e Lara.

Certo, Tereza foi criada com todos os benefícios e malefícios de uma nobre. Controlada pela Ama Deolinda (que mulher chaaaaata, meos deeeeeeoses), mas muito amada pelos avôs Olímpia e Amâncio e o tio, Guilherme. A história dela se enlaça com a de Miguel (sobrinho de Maria das Dores, a criatura que denunciou Dani à inquisição no livro passado), quando uma bezerrinha dá um “olé” nele e escapa dos peões, foi aí que eles se conheceram e não se esqueceram desde então.

Miguel não era lá muito mais velho do que ela, mas diante de tantas qualidades na menina, ficou meio que difícil esquecê-la, como acontece sempre com todas as nossas queridas protagonistas ❤ Ele consegue pegar o animal, e quando interagem ele a deixa dar um nome para a bezerrinha, que acabou por se chamar Finola. Tereza se lembrava um pouco ainda da mãe, e foi por meio das vagas memórias de ouvi-la cantar que escolheu o nome.

Tudo bem, a menina foi crescendo e um dia o Antônio resolve visitá-la e levá-la com ele. Mas sabe do risco de ela negar, afinal a avó está muito doente e quase morrendo, dando sempre mais uma carga pesada pra influenciar a decisão dela de ficar. Ele fica lá por uns tempos, mas no fim, a Tereza acaba escolhendo ficar porque foi o que seu coração mandou. Ela tem sonhos também, então não será raro encontrar passagens dela sonhando com as antepassadas e sendo orientada por elas.

Enquanto tudo isso rola, Miguel vai crescendo também, com a consciência de que a “madrasta-tia” Das Dores foi responsável pela morte da família dela. Essa aura afeta também Catarina e Lara, as irmãs dele. Lá pelo meio da história, Lara dá um jeito de sumir da casa porque não aguenta mais aquela opressão toda e se manda para Goiás também com Antônio. A sugestão de Anajé que o acompanhara é casá-la com Angus, então já sabemos qual será o final dela ❤ Entretanto essa fuga afetou bastante a família, o pai deles encheu a cara até morrer (como se ele já não bebesse muito por causa da morte da esposa), e Catarina acabou servindo de alvo pras chatices da chata da madrasta.

Vemos a história da Catarina, outra irmã do Miguel, cujo futuro eu comecei a desconfiar assim que a vi olhando demais pro Guilherme no livro passado. Ela estava junto da Das Dores no livro passado, e ficara fascinada pelo relacionamento da Dani com o Antônio, e deveras encantada pelo Guilherme também. Muito afetada pela morte do pai, ela passa o tempo sempre na casa das memórias, onde costumava a ficar bastante com o pai, e começou a ir pra lá mais ainda depois que ele morreu já que a Das Dores era um pé no saco.

O caô começa porque o Guilherme acabou precisando passar na fazenda deles um dia e se deparou com a Catarina ali. Enfim, como a casa das memórias é um ótimo lugar pra você sofrer e chorar suas mágoas (alô dor de cotovelo!), acabou que o Guilherme desabafou a sofrência que passa por causa dos sentimentos por Daniele, Catarina meio que vai se deixando levar pelos sentimentos dela pelo cara, no fim os dois acabaram se pegando. Ela não se arrepende do que fez, ele sabe que é um zé ninguém e no que a consciência pesou, se mandou dali.

Antônio aceitou a decisão da filha, mas em troca disse que deviam desfazer o casamento de Henrique e Tereza. Olímpia já estava tão nas últimas e (*cof* fez tanta chatagem emocional  pra ele não levar a menina *cof*) que sentiu que no mínimo devia isso a ele, afinal ele realizara o último desejo dela, de ficar com a Tereza. Desfizeram o compromisso. Detalhe, mais ou menos por essa parte, ela já havia começado a dar sinais de ter uma quedinha pelo Miguel e vice-versa, então já sabe. Ela ganhou também uma semente de presente do Anajé, a árvore vai ser bem importante dali pra frente.

O problema foi que a praga do Henrique voltou do Rio de Janeiro onde havia ido estudar,  e sabe como é. Viu a Tereza totalmente diferente agora que estava crescida, começou a cobiçá-la e se engraçar pra cima dela, super revoltadinho porque desfizeram o casamento sem ele saber, blá blá blá whiskas sachê. Mas não foi como se Tereza quisesse reatar o compromisso, muito menos Amâncio, e Guilherme não estava a fim de autorizar o mimado a se engraçar pra cima da sobrinha.

Anyway, história vai e vem e lá pelas tantas, Miguel encontra a Tereza muito triste por conta do estado da vó e pra animá-la foi levá-la até Finola. Foi por aí que perceberam de vez os sentimentos e lá pra frente, Miguel decide pedir permissão para cortejar Tereza. Mas o destino é tão traiçoeiro que bem no dia, a Olímpia falece e o Henrique joga excremento no ventilador dedurando a história da família da Tereza e da morte deles, sem contar o envolvimento dos Seixas, família do Miguel.

Mas de qualquer forma, assim que a primeira oportunidade surge depois do funeral, luto e coisas do tipo, Miguel tem a permissão de Guilherme para cortejar Tereza e  com a ajuda da serva dela, Iaiá,  eles acabam conversando, colocando os pingos nos I’s e coisa do tipo. Guilherme também conversa com ela pra contar a verdade sobre o que aconteceu com a família dela e tal. Foi um momento até triste quando começou a contar e chegou na parte dele da história, super consciente da merda que provocou.

A Deolinda é outra insuportável. Determinada a casá-la com Henrique e cumprir a promessa que fizera a Olímpia de acabar de vez com as raízes pagãs da Tereza e torná-la uma mulher exemplar, apela até pra drogas. Altas vezes ela usa láudano pra torná-la mansa, passiva, enfim, controlar o humor da menina que desde criança era muito viva e inquieta.

Outra situação complicada é que o Amâncio quer voltar pra Portugal e levar o traste do filho dele junto, porque não quer sofrer por algo que Tereza sofra nas mãos do moleque, mas acabou que isso veio meio tarde demais.

Felizmente temos Iaiá para acudí-la, que é uma serva negra muito amiga da Tereza. Ela sacou que tinha algo errado e até avisou o Miguel mais pra frente quando a situação piorou, mas teve seu caminho interrompido na volta quando deu de cara com o Henrique e sob ameaça, acaba tendo de se deitar com ele. A situação se desenvolveu de tal forma que mais uma vez Deolinda conseguiu drogá-la ao botar láudano na bebida da menina e acabou que ela, mesmo meio grogue, acabou por reunir forças com a grande mãe e desobedecer a Ama. Se não me engano, foi perto dessa cena que ela teve um sonho/visão sobre a Bashiri batizando-a, alertando-a de forma metafórica sobre o veneno.

E como o caminho de uma filha de Dana não é fácil, ainda sob efeito do láudano, quase que Tereza é a próxima vítima de Henrique, felizmente graças a Iaiá (ADORO ESSA MULER, VEMK SUA DIVA!) ele foi impedido de levar as coisas até o fim recebendo uma pancada na cabeça. Sem contar o Guilherme que quando sacou o que aconteceu, desceu o sarrafo nele e se a mão estivesse doendo ou não tivesse respeito por Amâncio, teria acabado com a vida desse traste. Teria nos feito um favor, Gui ;-;

No fim tudo se resolve, Amâncio se manda com Henrique pra Portugal (Tereza com sua personalidade tão doce não quis que eles sujassem as mãos e a alma pelo que o moleque fizera. Miguel é tão amorzinho que antes de tentar fazer qualquer coisa contra o cara, perguntou pra Tereza o que devia fazer, enfim, acabou que ele fez nada. Merecia ter apanhado mais, independente do background da história dele, só acho) Miguel e Tereza se casam, Guilherme e Catarina se casam também, recebem visita do Angus e da Lara, tá todo mundo grávida rs. Libertaram os escravos também, Iaiá e o filho (que é meio-irmão do Miguel) se mudaram junto com a Tereza e a negra é sua dama de companhia ❤

Miguel manda Das Dores embora porque ela já tava enchendo o saco e já havia passado da hora de ela sair dali, com o apoio da irmã. Deolinda se matou depois que Henrique, antes de tentar tomar Tereza, jogou na cara daquela chata que a viu se agarrando com um escravo.

Só tive a impressão de que o relacionamento da Catarina e do Guilherme foi meio rápido demais, mas vou reler, talvez na adrenalina do que tava rolando eu não tenha pegado direito a sutileza dos momentos deles.

A parte final do livro conta a história de Adelaide. O pai a jogou numa Casa de Recolhimento porque dois irmãos tretaram por causa dela e um acabou morrendo. No fim, acusaram-na de bruxa e jogaram ela lá, desde então vivem drogando a menina com láudano também. Ela vivia dizendo que a árvore (aquela lá que a Tereza recebeu a semente) conversava com ela, que a Virgem conversava com ela e coisas do tipo. Inclusive uma dessas vezes lhe foi dito que um homem lhe salvaria a alma, e lhe entregaria a dele.

Tcharam, pois é! Um padre (que antes lutou na guerra, por isso tem um problema na perna), Giovanni, foi enviado pra lá pra exercer funções relacionadas, mas os dois acabaram se apaixonando.

Entre freiras rígidas e irritantes de tão chatas e algumas muito legais (DIVINA, TE AMO <3), o padre tenta tirá-la de lá, mas não consegue, a burocracia da Igreja é um baita dum obstáculo. No fim, de tanto se encontrarem escondidos, Adelaide acabou engravidando, prendem-na até ter a criança (de novo, de parto prematuro). Felizmente, conseguem salvar a criança do seu destino na roda dos desvalidos, mas Adelaide morre no parto, foi muito bonita essa cena, por sinal ;-;

No fim, a filha dela, Terezinha, foi criada pela irmã Ana Maria. Ela não conseguia ter filhos, mas diante do sacrifício da Adelaide, ela pôde realizar o sonho de ser mãe. Ela e o marido criam a menina, junto ao Giovanni.

Juro que quando cheguei no final, fiquei meio boba. Quando virei a página “ué, acabou?” AUEHAUEHAEUH Queria que tivesse durado mais, uma história muito bonita, e no final nas notas da autora você vê a relação que ela faz de cada personagem com um momento histórico, situação enfrentada pelas mulheres, foi mesmo muito lindo.

A relação entre os personagens e o modo como foi construído aquele laço de companheirismo entre os considerados pagãos (núcleo principal-negros-índios) foi uma das melhores coisas que notei, reforçando inclusive, uma opinião que tenho de que nem sempre o protagonista é o que faz o livro, nesse saga, tudo funcionou de tal forma que nenhum núcleo se sobressaiu ao outro e foi simplesmente muito legal de ler ❤

Algumas coisas ali conseguiram escapar da revisão, mas foram pouquíssimas e não afeta na leitura, a história foi simplesmente linda ❤ Mas devo dizer que fiquei tentada a escrever um microconto de presente pra Simone de cada uma das gerações que foram puladas até chegar na Adelaide, acho que foram umas cinco. Mas né, acho melhor não porque pode ser que não faça jus ao que li UHEUEAHAEHUUHAE

Enfim, essa foi a minha opinião sobre a história. O próximo livro que lerei também seguirá essa linha: Dois mundos: Tesouros da Tribo de Dana #1, também da Simone. É mais ou menos da mesma espessura de Samhain, então creio que estarei de volta em breve.

És parte da terra, do fogo, das águas e das matas…

 

SAGA AS FILHAS DE DANA #2 SAMHAIN

Brasil, 1960.
Ao pisar em uma terra nova, Daniele sabe que sua missão está apenas começando e que ainda terá que enfrentar a intolerância, mas será que estará preparada para abrir mão de alguém que muito ama para que o destino se cumpra?

Olá de novo!

Hoje conversamos sobre Samhain, o segundo livro d’As Filhas de Dana!

Embora seja menor do que o primeiro, senti como ele foi mais pesado no quesito enredo, e mais adiante explico o motivo.

Para deixar bem claro: Não sou especialista em crítica literária, simplesmente estou aqui dando minha opinião sobre a história então estamos conversados!

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Paganus terminou com a partida de Daniele e Antônio para o Brasil, e Samhain dá continuidade. Durante a viagem, eles se tornam mais íntimos de Dona Olímpia, uma senhora cujo marido se mandou para o Brasil e ela veio com o filho, Henrique. Além disso, como foi dito no livro anterior, Antônio era esperado por Amâncio, marido de Olímpia, já que havia arranjado serviço por lá para ele.

As coisas estão caminhando bem: Mateus se amigou com os índios e com os negros, principalmente pelo background semelhante, de não poderem externar suas crenças totalmente; Daniele era tratada praticamente como filha por Olímpia; Amâncio tinha um vínculo de filho com Antônio diante de seu bom serviço e personalidade; e ambos tiveram mais um filho, Antoninho.

Mas a situação começa a se complicar quando um garoto que tinha acabado de se ordenar padre não resistiu aos encantos de Daniele e acabou se matando. Isso despertou as primeiras faíscas de desconfiança do Padre Jerônimo, que mais para frente se junta com Bento Matias (um capanga de Amâncio que ficou revoltadinho pelo bom serviço de Antônio e sua ligação com o patrão, que o tratava como filho) e Maria das Dores (uma ricaça amiga da família cujo santo não bateu com a Daniele e começou a ficar de picuinha pra cima dela) para desmascará-la.

Daniele tinha viajado grávida, certo? Pois bem, a menina veio antes do previsto e diante da vontade da mãe de apresentá-la a Deusa, Antônio teve de ceder e fazer um acordo com Olímpia: chamar a menina de Tereza, apadrinhá-la e prometê-la em casamento para Henrique, o filho (idiota e mimado) dela. Era pegar ou largar, já que a senhora descobrira ali sobre as origens pagãs de Daniele e estava disposta a fazer vista grossa diante dessas condições. Não teve muito o que ser feito. No fim, quem a apresentou á Deusa foi Bashiri, uma serva negra da casa que, pra mim, é uma das melhores personagens.

Ficou ainda pior quando o padre insistiu em casá-los e batizá-los, e aqui a gente vê a “mudança” da Daniele. Foi interessante vê-la interpretar o sentido de amor de forma a fazê-la ceder e aceitar se casar com Antônio, já que ele já lhe dera despretensiosamente tantas provas de amor, foi muito fofo ela se dar conta disso e aceitar. Desde então, Padre Jerônimo vive atrás de provas pra jogá-la na fogueira.

Temos também Guilherme, o frouxo que lá trás arregou e quase entregou Daniele. Pois é, ele se mandou para o Brasil também e chegou aqui todo acabado, só sobreviveu porque quem cuidou dele foi a Dani. Até tentou tê-la de volta, mas nada que uma bela conversa entre irmãos não resolva, Daniele também não deu sinal de querê-lo então foi ótimo ele ter se conformado. Mas pelo menos ele terá utilidade no futuro.

Então já dá pra imaginar o que vem depois. O padre Jerônimo conseguiu umas provas muito cabulosas e falsas sobre Daniele (lembram de Maria das Dores e Bento?), manda uma galera ir atrás dela, e por fim acaba que ateiam fogo na casa, matando o filhinho mais novo do casal, mas não sem antes Mateus honrar o nome que tem (Angus) e matar um dos capangas enviados pra lá a pauladas.

Todos pensam que a família está morta e é o que Amâncio espalhou para não causar mais problemas ao casal, mas Daniele se recuperou com a ajuda dos índios (que inclusive a chamam de Yaci) e entre eles, Mateus descobre que seu avô ainda está vivo. Deixam Tereza com a família de Olímpia e seguem mata adentro atrás da missão de Daniele.

Foram pouco menos de 250 páginas esse livro quase me fez chorar! Foi pesado! XD Diferente do outro livro onde eu sentia que havia pausas para respirar um pouco, nesse eu não consegui me livrar da sensação de aperto!

Outra coisa que esqueci de dizer no outro post: A diagramação é divina, tanto no primeiro quanto no segundo. As bordas das páginas contém folhas desenhadas, e no início de cada capítulo tem a imagem da capa. Lindo ❤

Nesse livro consegui me apaixonar muito mais pelos personagens, só os céus sabem o quanto tive vontade de guardar o Angus num potinho, tão novo com a responsabilidade de cuidar da irmã e nossa, foi incrível ver o desenvolvimento dele durante a história. Geralmente não sou fã de crianças, mas sério, ele é simplesmente o melhor ❤

Bashiri e Taú foram outros personagens que simpatizei muito, a introdução de personagens negros na trama foi tão legal, que me lembrou de quando ela embarcou no livro passado e um escravo fugido esbarrou na Daniele e tiveram aquele insight quando se encontraram.

AMÂNCIO, O QUE DIZER DESSE VELHO QUE JÁ CONSIDERO PACAS? Ele é simplesmente maravilhoso! Mesmo que não seja um estrategista militar, a decisão dele foi super acertada. Ele deixava os negros da fazenda deles fazerem suas celebrações, assim os escravos não se sentiam tão presos e trabalhavam com maior disposição. O que de certa forma acabava salvando-os de apanhar bastante como ocorria em outras redondezas.

Não pude deixar de fazer um paralelo com “A Lista de Schindler” onde o cara que contratava judeus uma hora pediu para contratar crianças, sob o pretexto de que precisava de dedinhos pequenos que fossem capazes de limpar cartuchos de bala, ou algo assim. Ambos tiveram sacadas geniais que sem perceberem, preservaram muitas vidas.

Antônio, ah Antônio, o tipo de cara que toda mulher queria ter, só digo isso ❤

Daniele agora vai para o coração do Brasil, Goiás, onde seu avô tem terras. Uma pena imaginar que provavelmente ela não dará uma passadinha em Mato Grosso, rs. Mas é muito legal principalmente observar o background de Augusto, avô de Daniele, ele participou junto do Anhanguera nas incursões em Goiás e percebeu que de alguma forma não era ali que devia estar. Foi muito linda a sacada que a autora usou para trazê-lo aos planos da Grande Mãe.

Super ansiosa para ler o próximo! Trago o post em breve!

És parte da terra, do fogo, das águas e das matas…

SAGA AS FILHAS DE DANA #1: PAGANUS

Portugal, 1673. Duas mulheres celtas e um bebê recém-nascido enfrentam a perseguição da Igreja contra hereges pagãos. Obrigadas a deixar sua aldeia, ajudadas por um jovem cristão, partem em busca de um lugar onde possam cultuar seus deuses livremente. Em meio a sua fuga, descobrem que a Grande Mãe tem uma missão para eles e que os levará a lugares inesperados e a uma desconhecida Terra Nova.

Hoje conversamos sobre o primeiro livro da saga As Filhas de Dana!

Para deixar bem claro: Não sou especialista em crítica literária, simplesmente estou aqui dando minha opinião sobre a história então estamos conversados!

Antes de começarmos a falar da história, devo dizer que uma das coisas que me chamou atenção foram as capas: simplesmente maravilhosas. Geralmente não gosto muito de livros cujas capas sigam o estilo manipulação de fotos, prefiro algo mais voltado para ilustração fantástica, porque consigo uma maior identificação.

Mas esse livro quebrou a minha cara. São simples, mas assim como as personagens da história, elas apresentam uma magia inexplicável que nos chama, esse foi um dos motivos que me fez comprar a trilogia. Além de, claro, ser uma obra nacional ❤

Simone, se por acaso um dia ler isso, como usei o cartão da minha mãe para comprar os livros (o meu ainda estava para chegar e.e), os autógrafos vieram no nome dela rs Mas não tem problema, eu também não fui inteligente pra mandar um email explicando a situação rs

Agora vamos ao que interessa!

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O livro conta a história de uma família pagã que é perseguida por suas crenças, em meados de 1600. A Igreja com seu poder tentava aumentar seu domínio sobre quem não compartilhava das mesmas crenças e é nessa situação que Dom Couto é designado a livrar uma região das influências pagãs.

Dom Couto tem filhos gêmeos, Diogo e Douglas, mas suas personalidades são muito diferentes. Douglas segue os passos do pai, carrancudo e metido a machão, postura que ele aprimorou depois da morte da esposa. Diogo é mais pacífico e pelo menos tem a cabeça no lugar.

Um dia o grupo de caça de Dom Couto persegue algumas pagãs e consegue levar uma delas, causando rebuliço na vila dos pagãos e Diogo é detectado por Gleide, a líder deles. Ele tenta convencê-la a se converter, fingir conversão, mas ela não garante que vai mesmo fazê-lo porque precisa conversar com o pessoal da vila.

No fim, o grupo de Dom Couto acaba matando todo mundo mesmo assim. Douglas num blefe, ateou fogo na casa onde estava Diogo, que entrara lá para tentar salvar Adele, uma parturiente. Com todo mundo achando que Diogo morrera, o grupo se retira, mas ele conseguiu escapar com Adele e Gleide, ajudando-as a encontrar um novo lar.

Elementos adicionais da história contam com: Adele e Diogo se apaixonarem, o sequestro de Adele, a luta entre os irmãos e o finale, Adele esperar um filho dele, significando a aprovação de Dana.

De início, a minha personagem favorita era Gleide. Gosto de personagens do estilo dela, fortes, decididas, obrigadas a amadurecer muito cedo para que os outros possam seguir em frente. Mas ao mesmo tempo, outra coisa que me fascina em personagens do estilo dela é a facilidade com a qual suas ações podem ser interpretadas de forma errada. O que para ela é normal, o correto segundo normas de suas crenças, pode não ser para as outras pessoas e por todo o livro é possível ver esse traço dela estilo “faço isso para seu bem”.

Chega um momento da história que você simplesmente quer que ela se exploda, porque ela insiste tanto em um determinado tipo de comportamento que uma hora dá vontade de mandá-la catar coquinho. Mas lá adiante você percebe que ela estava certa, apesar de um pouco incompreendida, aquele ditado de “avó é mãe duas vezes” cai muito bem nela. A cabeça dura da Gleide ajudou a linhagem a se manter viva durante todo o livro e essa é uma personagem para a qual devemos tirar o chapéu.

Mas todos os personagens foram bem desenvolvidos. As diferenças entre os irmãos gêmeos, o relacionamento deles com a família e seus princípios, suas personalidades. Essa história me ilustrou perfeitamente uma das várias interpretações do yin-yang, em que não existe bem absoluto nem mal absoluto, não existem extremos nesse caso. Até mesmo o Diogo uma hora surta de raiva para proteger sua família e até mesmo Douglas demonstrou sentimentos, do jeito dele, mas mostrou.

Por mais que ele tivesse sido necessário para que a roda girasse, Guilherme foi um dos que eu desconfiei desde o início. Você não dá nada por ele, um cortejador de primeira e dá para perceber isso conforme se lê o livro. E quase no final, pimba, é bem isso mesmo. Por causa dele, todo o sacrifício de Gleide e Adele quase é posto em risco, felizmente, como eu disse sobre o yin-yang, não há extremos no mundo e Guilherme consegue se redimir.

Os “amores a primeira vista” também me soaram rápidos demais no início, mas depois eu me lembrei de um trecho que vi n’A Casa das Sete Mulheres, quando Antônia diz a Garibaldi “Já se apaixonaste de verdade, capitão? Olhou nos olhos de uma pessoa e viu neles o seu destino?”. A partir daí pude ler sem maiores indagações.

Fazia um bom tempo que eu não dava uns faniquitos lendo. A primeira parte da história era carregada o suficiente para eu não dar uns pittis, já que a carga emocional das tramas era mais forte diante do vínculo dos irmãos, as diferenças de Adele e Gleide, a transformação do pai dos meninos assim que caiu doente. Então não tive grandes oscilações de reação.

Mas quando chegamos em Daniele a atmosfera está tão tranquila, então surge aquela aura pesada com a proposta de casamento, a fuga com Guilherme, a morte de todo mundo… Devo dizer que me deu uma vontade imensa de queimar todo mundo que arregou na hora que a família convocou o pessoal pra ajudar contra Dom Francisco. Nessas horas me veio um insight da primeira vez que Gleide conversou com a aldeia e mesmo tendo se submetido ao batismo, todo mundo no fim acabou morrendo. E lá estava ela outra vez fazendo a mesma coisa, mas dessa vez, incitando-os a lutar.

A primeira parte, sobre os gêmeos Couto e Adele foi um ritmo leve, embora mais pendente para o triste diante do passado dos irmãos, além da destruição do vilarejo das mulheres, da morte de Allan (fiquei igual a Adele na morte dele ;-;) e do desfecho com Douglas. A segunda parte, já tinha um ar mais tranquilo, até meio cômico eu diria. Mas que conforme a coisa vai complicando com a fuga com Guilherme, sua falta de maturidade e o desenrolar todo com Antônio, a pressão vai subindo e eu me vi com dor no pescoço depois de ler, tamanha a tensão rs

Embora a ache fascinante, não conheço o suficiente de mitologia celta e essa saga me motivou a fuçar aqui nos meus livros sobre essas crenças. Uma história que você pode tranquilamente ler em um dia, tem pouco menos de 350 páginas, mas te prende do início ao fim.

Outra coisa fascinante foi o fato de ela ter enlaçado costumes celtas com o Brasil, lembrando-me fácil fácil das aulas de história do colégio, tornando tudo mais divertido de ler, mesmo se tratando de um período complicado da história como a inquisição. Triste, é verdade, mas que são terrenos férteis para histórias nacionais florescerem, como é o caso dessa saga.

Em breve venho com o post sobre As Filhas de Dana: Samhain.

És parte da terra, do fogo, das águas e das matas…